Pasos e Uyuni 2012

A partir do dia 22/11/2012 acompanhe os relatos diários da Expedição "Projeto Pasos 2012" que terá pelo roteiro o famoso Paso San Francisco e a espetacular Laguna Verde, o Paso Agua Negra e as esculturas naturais de gelo chamadas Los Penitentes, o Paso Sico e seu território hinóspito sem pontos de abastecimento por quase 400km e o incrível Salar de Uyuni, a maior planície de sal do planeta. 

Não perca!

22/11/2012 - Chegou o dia!

Agora são 04h43 e já estou me preparando para colocar os pés na estrada. Claro que a noite foi muito mal dormida pela ansiedade. Muita coisa passa pela cabeça. Você refaz mentalmente o roteiro da viagem, o check-list de bagagem, a saudade de casa, da esposa e da filha que já começa a apertar. Enfim, tudo contribui para que esta noite que antecede a partida seja longa e ao mesmo tempo curta de sono. Mas é assim mesmo que acontece. Quem já fez uma viagem deste tipo sabe que é normal. 

Ontem à noite terminei de arrumar as coisas na moto e agora é só dar o start, engatar a 1ª e acelerar para os 10.000 km de estradas, paisagens, vulcões, cordilheiras, lagunas, salares e o que mais estiver pela frente. 

Bom, vou tomar o café que hoje tenho mais ou menos 700 km para rodar. 

Abraço e até mais tarde!
Rogerio Mirarchi.

Início da Expedição

Total rodado no dia: 746 km
Total acumulado: 746
Tempo em movimento: 8:10
Tempo parado: 56:06

Exatamente às 6h22 estava entrando na Régis Bittencourt, a famosa estrada que leva ao sul do Brasil, mais precisamente à Florianópolis, o primeiro destino da viagem. 

Achei que seria tranquilo, e lá pelas 13 h, no máximo, já teria completado os 700 km até Floripa.

Mas não foi como o planejado....

O que não entendo é como uma estrada que, podemos dizer, que está em construção devido ao número de obras pelo caminho, pode ter tanto pedágio. Fora isto, a quantidade de caminhões é uma coisa absurda. Tirando isto, vários e vários desvios e interrupções no trânsito:

Enquanto estava no contra-fluxo não tinha problema

O problema é quanto a confusão passa para o seu lado da pista

E as famosas Kombis em labaredas resolvem dar o ar da graça para ajudar o caótico trânsito

Sem contar a quantidade inimaginável de caminhões. Mas isto não é o pior. A maioria deles insiste em andar na pista da esquerda. 

Mas os fins justificam os meios, não é?

Danilo "Animal": velho parceiro, amigo, que fez uma recepção 5 estrelas na primeira parada da Expedição

No final das contas, o casal de amigos Danilo "Animal" e sua esposa Fabi me receberam de braços abertos em sua casa em Floripa. Um paraíso...

Depois de tanto trânsito...

Uma cerveja no Campeche....nada mal né?

Amanhã cedo o planejamento era passar por Porto Alegre e seguir direto até Chuí, divisa com o Uruguai. Mas depois de ter a opção de tomar uma cerveja gelada na Praia Mole e Jurerê, com uma porção de camarãozinho frito, acabei sendo convencido de ficar mais um dia aqui em Floripa. Difícil decisão.....

Ficarei por aqui amanhã e sábado cedinho recomeço a Expedição. 

A viagem mal começou e o blog já passou dos 1.000 acessos. Obrigado a todos por me acompanhar e obrigado pelas mensagens. Valeu!

A parte do Brasil é apenas um aquecimento. A aventura ainda nem começou. A Cordilheira, o Altiplano, os Pasos San Francisco e Águas Negras, o Salar de Uyuni ainda estão por vir. Dos 10.000 km de aventura, apenas 700 foram concluídos. Ainda tem muita coisa pela frente. Muito asfalto, paisagens e poeira!

Continuem acompanhando!

Abraços!

R.Mirarchi

Dia 2 - Floripa

Total rodado no dia: alguns (de carro)
Total acumulado: 746
Tempo em movimento: n/a
Tempo parado: n/a

Amanhã volto a colocar a moto na estrada. O objetivo é chegar o mais ao sul possível. Se der, chego até Chuí, mas não sei como estará o trânsito de caminhões e a previsão é de alguma chuva aqui no estado de SC e no começo do RS.  Vou tranquilo, até onde der.
Enquanto isto, mais um pouco de Floripa:

Dunas da Joaquina

Praia Mole....ê vida dura..

Sexta-feira..horário comercial...

Obrigado pela companhia!

Até amanhã! 

Dia 3 - Rumo ao Sul

Total rodado no dia: 1020
Total acumulado: 1766
Tempo em movimento: 10h26
Tempo parado: 2h

Saì cedo da casa do Animal e da Fabi, às 8h já estava pegando a estrada. Aliás, quero deixar meu agradecimento pela receptividade dos queridos amigos. Se tivesse ficado em hotel 5 estrelas ñ teria sido tao bom (desculpe-me pela falta de acentuaçao, mas ñ me entendi com o teclado daqui). Obrigado mais uma vez grandes amigos, Animal e Fabi! As portas da minha casa estarao sempre abertas para vocês.

Peguei a estrada sem uma cidade certa para parar. Só sabia que queria chegar mais ao sul possível. Fui seguindo. Uma chuva leve na saída de Floripa e depois mais uma chuvinha pelo caminho, mas nada que atrapalhasse muito. O que prejudicou foi o vento lateral. Muitos km rodados em grandes planícies, descampados, entao ñ tinha jeito, o vento lateral castigou um pouco.

Fui indo, indo, indo e quando vi já estava na entrada do Taim, que já é no extremo sul do RS. Esta regiao é muito bonita, mas também cansativa, já que è uma reta interminável. Lembra até o Pampa del Infierno, no Chaco Argentino.

O que eu ñao lembrava é que esta gigantesca reta ñ tem posto de gasolina. Quando entrei no Taim, estava com quase 300 km desde o último abastecimento. Bom, fui tocando, tocando até encontrar um povoadinho onde fui pedir informaçoes sobre onde poderia encontrar combustível. A resposta praticamente foi a mesma que recebi em 2007 no Chaco: "uns 70 km a frente tem posto tchê...". Legal, isto se eu tivesse isto tudo de autonomia. Como peguei muito vento, tinha certeza que quase nao havia mais gasolina no tanque. Pensei comigo "de novo nao....". Eu com uma moto com um tanque de 24 litros, mais um galao de 10 litros na bagagem e passando perrengue de novo. Bom, fui andando e rezando, acelerando e rezando, quase parando e rezando.

Foi aí que vi uma casinha escrito "Brigada Militar". Parei para pedir informaçoes e o policial me disse para procurar pelo Pica-pau. (!!!???). Felizmente era o mecanico e ñ uma piadinha.

A referência era uma oficina mecânica com um monte de carros velhos na frente. Lá fui eu..
Cheguei lá e encontrei o tal Pica-Pau. Eu perguntava se ele tinha gasolina e ele me respondia: "mas que moto, esta tem poder hein!". Perguntei mais uma vez e adivinha a resposta: "mas que moto, esta tem poder hein". Lá pela quinta vez consegui que ele respondesse e adivinha a resposta: "Ñ tenho gasolina".

Mas nem tudo estava perdido. Ele me disse que um tal de Claudio da Venda poderia ter. Lá fui eu atrás da tal venda, e acabei encontrando. Cheguei lá e ñ é que o gaúcho tinha gasolina? Pedi 5 litros. Ele entrou e depois de uns 2 minutos apareceu com um galao tao sujo que ñ dava para ver nem o que tinha dentro. Bom, se era gasolina eu nao sei, mas foi o suficiente para eu chegar ao posto de combustivel uns 30 km para frente da venda. Ah, o preço do litro? R$ 4.50!!!

E o pior foi eu perguntar quanto custava depois que ele me disse que tinha gasolina. Afinal, do que importava eu saber o preço se ñ tinha outra opçao...rs

Bom, depois disto foram mais km e km de retas até chegar no Chui, cidade mais ao sul do nosso Brasil.

Achei um hotelzinho meia-boca por R$ 50,00 e pelo que vi era um dos melhores. Pelo menos tinha garagem. Mas a toalha que me deram deve ter sido lavada junto com algum peixe...hahahahahahaha

Bom, o próximo relato já será em rutas del Uruguay!

Daqui uns 2 dias já estarei perto da Cordilheira, daí sim começa a aventura.

Abraços e muito obrigado pela companhia virtual e pelas mensagens.

R.Mirarchi

Fotos do dia: 

Despedida dos queridos amigos de Floripa. Valeu mesmo!

 

Aqui começaram os ventos

Obras no estádio do Grêmio. Tá ficando bonito

 

A tal vendinha da gasolina salvadora!

 Chegada no Chuí (BR) e Chuy (UR). Difícil saber onde fica um e onde fica o outro

Dia 4 - Em terras uruguaias

Total rodado no dia: 538
Total acumulado: 2304
Tempo em movimento: 6h12
Tempo parado: 1h56

Acordei cedo, mesmo porque a cama e o travesseiro ñ eram la estas coisas. Fui para a garagem (era melhor do que o quarto...rs) para arrumar as coisas, lubrificar a corrente e atravessar a fronteira pela primeira vez nesta viagem. Fronteira alias que éuma avenida. De um lado da avenida é Brasil e da outra o Uruguai. Segui em frente e 1 km depois parei na imigraçao. Foram os trâmites mais rápidos de todas as viagens que fiz. Só tinha eu na fronteira e em menos de 5 minutos já rodava os primeiros km em terras uruguaias. O tempo esatava perfeito. Céu sem nenhuma nuvem, temperatura na casa dos 18 graus, do jeito que eu gosto. A estrada é uma imensa reta (pra variar) com asfalto perfeito e paisagens bucólicas ao longo do percurso. 

Parei na Fortaleza de Santa Tereza para tirar algumas fotos e segui viagem. Uma parte da estrada vira pista de pouso de emergência, o asfalto muda, fica mais liso ainda, e a pista mais larga. Ñ dá para resistir em dar aquela aceleradinha a mais. 

Pouco tempo depois cheguei em Punta del Este. Que cidade! Linda, cheia de mansoes, prédios de alto padrao, hotéis 5 estrelas e cassinos. Parei para tirar fotos, conhecer a escultura "La Mano". Quando parei a moto em frente a escultura, ela chamou mais a atençao do que a própria escultura...rs

Várias pessoas vieram perguntar sobre a viagem, tirar foto da moto, uns tiozinhos vieram puxar papo e dizer que andavam de Triumph na década de 60 e por aí vai. Isto é o gostoso de viajar de moto. 

Depois fui seguindo em direçao a Montevideo, onde era minha intençao ficar. Chegando lá fui direto para o hotel que tinha visto na internet e colocado no GPS. Quando cheguei a surpresa. Nao era um hotel e sim um albergue somente com quartos compartidos. Arrisquei e fui dar uma olhada no quarto. Quando o dono abriu a porta (já ouviu aquela expressao "abriu as portas do inferno"?) tinham 3 colombianos, um albanês, um sei là o que e o cheiro que saiu daquele quarto era indescritìvel. Sabe vestiário de futebol de várzea depois do jogo? Entao....

Saí de lá e fiquei umas 2 horas rodando, rodando e nada de achar um lugar legal (um mais ou menos já dava) com preço justo. Por isto nao gosto muito de ficar em cidade grande nestas viagens de moto. Só hoteis caros ou pulgueiros parecidos com aqueles casaroes decadentes da crackolandia. 

Quer saber, vou tocar em frente. Afinal numa viagem destas, qualquer 200 km é como ir até a esquina. Vim até Colônia del Sacramento, a 170 km de Montevideo e onde já tinha planejado pegar o BuqueBus (espécie de balsa) para atravessar o Rio del Plata e chegar em Buenos Aires. 

Chegando aqui, procurei um pouco por hotel, já que é feriado na Argentina e a cidade aqui encheu. Mas com um pouco de paciência achei. 

Fiquei sabendo que este fim de semana teve encontro de Lambrettas e Vespas. Pena ñ ter conseguido chegar para o evento. 

Colônia do Sacramento (em castelhano Colonia del Sacramento) é uma cidade do Uruguai, capital do departamento de Colônia. Tem origem na antiga cidade de Colônia do Santíssimo Sacramento fundada há 332 anos por Manuel Lobo, a mando do Império Português no século XVII. A área onde localiza-se a fundação portuguesa hoje faz parte do Centro Histórico, reconhecido pela UNESCO como Patrimônio da Humanidade.

Colônia do Sacramento é hoje um dos destinos turísticos mais importantes do Uruguai, recebendo milhares de visitantes por ano. A localização da cidade é privilegiada para receber turistas, uma vez que se encontra a uma hora de barco desde Buenos Aires e a duas horas em carro desde Montevidéu.^[4] A oferta turística inclui a cidade histórica, museus e praias do Rio da Prata.

Fonte: Wikipedia

Valeu a pena, Montevideo parece ser bem bacana, mas ñ é muito o estilo desta viagem. Vale uma visita com calma, assim como todo o Uruguai que é lindo, mas desta vez o destino é a Cordilheira e é para lá que vou.

Fui em um dos vários bares que tem por aqui para degustar as cervejas uruguaiais. Difícil missao!

Depois foi descanso e agora acordei cedinho para atualizar o blog, tomar café e me preparar para chegar em Buenos Aires. Ainda ñ sei se ficarei lá ou se só darei um passeio, tentarei conhecer a concessionária da Triumph e depois sigo em frente, sem pressa e paro em algum lugar na metade do caminho entre Buenos Aires e os Andes. 

Hoje o tempo aqui amanheceu fechado, já choveu um pouco. A previsao para Buenos Aires ñ é das mais animadoras. Enfim, vamos rodar!

Fotos do dia: 

Lado direito da avenida é Brasil e o esquerdo é o Uruguai

Entrando pra valer no Uruguai

Estradinha para a Fortaleza de Santa Tereza

                    

  Chegando em Punta del Este

Crianças uruguaias encantadas com a moto

Punta e seus belos prédios

 Chegando em Montevideo. Até me animei em ficar, mas a busca por hotel foi em vao

Garagem? Que nada, vai no pátio da pousada mesmo

Abraços e até a próxima postagem!

R.Mirarchi

Dia 4 - Rutas Argentinas
Total rodado no dia: 586
Total acumulado: 2890
Tempo em movimento: 6h
Tempo parado: n/a

Acordei cedo e aproveitei para atualizar o blog. Enquanto atualizava fiquei conversando com um argentino que me deu várias dicas de locais a serem conhecidos na Argentina.

Depois tomei um café rápido e fui para o local de embarque do BuqueBus para atravessar o Rio da Prata e chegar em Buenos Aires.

Quando esperava na fila junto com os carros, um Uruguaio veio puxar papo. Era um senhor chamado Rubens, que mora em Floripa. Trabalha com mergulho e coincidentemente conhece o Ralph, da época que ele trabalhava em Bombinhas-SC (Ralph=Blonder, amigo que foi comigo em 2010 para Machu Picchu)! Disse que trabalhou a vida inteira na Petrobras e agora vive da empresa de mergulho.

O BuqueBus realmente é um show a parte. Tem freeshop (caaaaro), bar, primeira classe. Em 1 hora já estava chegando em Buenos Aires.

Na chegada me pediram apenas o RG e o documento da moto. Nada de carta verde. Na fronteira do Uruguai me pediram.

Como era feriado, resolvi mesmo ñ ficar em Buenos Aires e seguir viagem. Peguei o acesso norte, rumo a Ruta 9, que leva a Cordoba. No primeiro pedágio, fui devagar para ver se havia a informacao sobre moto pagar ou ñ. Havi uma placa enorme com o valor de carros, caminhoes e motos. Lá vou eu parar no acostamento para pegar os pesos argentinos. Ué, cadê os pesos?! Procura daqui, dali, daqui, desmonta bagagem....e nada! Era novamente as presepadas da viagem de 2007 acontecendo novamente. Escondi o dinheito tao bem escondido que ninguém poderia achá-lo. Nem eu....rs

Bom, vi que as motos passavam no "vácuo" dos carros e ñ paravam para pagar. Bom, menos mal, fiz a mesma coisa. Na primeira parada para comer alguma coisa, perguntei ao frentista e fiquei sabendo que realmente, apesar da placa, as motos ñ paga. Lei de Murphy: já que motos ñ pagam, adivinhem, achei o dinheiro!....rs

Muito calor na estrada, mais de 30 graus. Fui em direcao à Cordoba, assim conseguiria manter meu cronograma em dia e "recuperar" o dia a mais em Floripa.

Como era volta de feriado, no sentido contrário muitas motos passando, motos pequenas, grandes. De moto grande vi Transalp, Africa Twin, algumas BMW e várias VStrom.

Próximo a Villa Maria, cerca de 100 e poucos km antes de Cordoba, resolvi parar pois o céu a frente estava escuro devido a uma chuva bem forte. Dava para ver os raios e trovoadas. Como pegar chuva ao anoitecer nao está nos meus planos, resolvi parar um pouco antes.

Villa Maria é uma ótima opcao para quem está fazendo este caminho. Cidade bonita, bem cara de interior. Familias nas pracas, bares com mesinhas na calcada com vista para a praca, belas casas e alguns prédios, bem tranquila. Valeu a pena ñ ter arriscado até Cordoba.

Aqui nesta regiao existem muitas motos pequenas e o detalhe é que ninguém usa capacete. Vi pais levando criancas de 3 ou 4 anos, sentadas no tanque da moto e, claro, sem capacete. Uma irresponsabilidade sem tamanho.

Achei um hotel bom e barato. Fiquei conversando com o dono assim que cheguei e pelo jeito ele gostou da minha viagem e de mim. Disse que eu nem precisava colocar a moto no estacionamento, que ficava no final do quarteirao, mas que poderia colocá-la dentro de um dos quartos! Ok, paguei uma diária e hospedei até a moto...rs

Saí para comer uma "milanesa" pois estes dias estava praticamente a base de sanduiche. Estava uma maravilha. Ah sim, 2 Quilmes para acompanhar porque ninguém é de ferro.

Depois coloco as fotos de hoje.

Estou lendo todos as mensagens. Muito obrigado pela companhia, apoio. Numa viagem solo, faz muita diferenca saber que os amigos e a família estao "por perto".

Agora a moto já está apontada para a direcao dos Andes. Se Deus quiser no fim do dia chego nos pés da Cordilheira para fazer a primeira travessia da viagem: PASO ÁGUAS NEGRAS!

 

Esperando o embraque para o BuqueBus

BuqueBus chegando no porto

Moto amarrada, pronta para chegar na Argentina

Interior do BuqueBus 

Estadio do River Plate

No final do dia, da-lhe insetos na viseira

Moto devidamente hospedada

Seguimo!
Saludos desde Villa Maria
R.Mirarchi

Dia 5 - Direcao: Andes
Total rodado no dia: a atualizar
Total acumulado: a atualizar
Tempo em movimento: a atualizar
Tempo parado: a atualizar

Sai de Villa Maria logo cedinho, as 8h já estava na estrada. O dia prometia ser longo. Passei por Córdoba e fui em direcao a Mina Clavero, uma estancia a 130 km de Cordoba, mais ou menos. Para arredondar os pneus um pouco, veio a serra depois de Cordoba. É um lugar maravilhoso. Muitas curvas, muitas mesmo. O ruim é que a pista de subida tem muito óleo dos caminhoes, entao ñ dá para se divertir muito. E tem que tomar muito cuidado, pois além do óleo, existem várias curvas com areia, e descobri isto deslisando o pneu da frente em uma delas, mas consegui controlar e segui bem. A temperatura estava amena e foi caindo mais a medida que a subida se acentuava. Passei dos 2.000m de altitude, um aperitivo para a subida dos Andes. E foi a temperatura amena que deixaria saudade.

Depois disto passei pelas cidades de Nono e Villa Dolores, que sao lindas. Cheia de chalés para alugar, bares, restaurantes. Sao cidades no estilo Campos do Jordao.

Depois disto veio o inferno, literalmente. Se existe uma filial do Pampa del Infierno (Chaco) é esta estrada que leva a San Juan. É muito parecida com o retao do Chaco, tem até o calor que existe por lá. 40 graus na sombra! Em uma das paradas para abastecimento, olhei o termometro da moto e bateu os 40. Agora imagina de bota, calca e jaqueta. A sensacao térmica dentro da roupa passou dos 50 graus fácil.

Fui rodando, rodando. O cenário é desolador. Algumas cabecas de gado só na pele e osso, alguns esqueletos de animais e a medida que me aproximava de San Juan, a paisagem ficava mais parecida com o sertao do Brasil.

Já próximo a San Juan a paisagem muda novamente. É uma regiao produtora de vinhos, entao vários parrerais junto com as primeiras formas da pré-cordilhera já comecam a tornar a viagem muito melhor. Resolvi tocar em frente para chegar o mais perto possível de Las Flores, onde fica a Aduana Argentina.

Rodei cerca de 900km e parei em San Jose de Jáchal, cerca de 40 km antes de Las Flores.

Achei um hotel pertinho da Praca Central e ñ tinha mais forÇas (achei a cedilha nestes teclados daqui!!). PreÇo razoável, lá fui eu para o quarto. Só que eu ñ estava sozinho no quarto. Sim, baratas. Muitas! Sem exagero, contei 8. Todas mortas, menos mal. Fui à recepÇao e pedi para trocar de quarto. A recepcionista nem envergonhada ficou. Disse que era por causa do calor. No segundo quarto, adivinhem quem veio dar as boas vindas para mim? Sim, mais baratas. Só que estas estavam vivas. Pensei em sair e procurar outro hotel. Mas se no "melhor" hotel da cidade estava assim, imaginem nos outros. A terceira tentativa foi no segundo andar do hotel. Enfim, um quarto sem baratas. Estava tanto calor que até elas ficam com preguiÇa e ñ sobem a escada.

Sai para comer alguma coisa, tomei uma cerveja chamada Andes e fui dormir. Estava esgotado e no dia seguinte, Paso Agua Negra me esperava.

 Estrada deserta: foto no meio da pista

 Na sombra

"Pedagio" para chegar nos Andes: retas interminaveis e calor

Chegada em San Jose de Jachal

Dia 6 - Paso Agua Negra: Poe na Conta!
Total rodado no dia: 350 km
Total acumulado: a atualizar
Tempo em movimento: a atualizar
Tempo parado: a atualizar 

Chegou o dia. Passar por um lugar onde filho chora e a mae ñ ouve. 140 km de rípio. Mais de 4.700m de altitude. Bóra encarar.

Levantei às 6h, dei tchau para as baratas, arrumei as coisas na moto, acordei o cara do hotel para acertar as contas, já que nenhuma barata quis receber o dinheiro e acelerei rumo ao temido Agua Negra.

Cheguei na Aduana Argentina e encontrei dois argentinos que tambem fariam a travessia de moto. Detalhe: um estava com uma Yamaha YBR 125 e o outro com uma Honda que ñ temos no Brasil, mas é bem parecida com a Intruder 125 da Suzuki. Mas era uma 200cc. E este cara da Honda estava com um capacete todo velho e sem viseira!

Combinamos de ir juntos. Eles fizeram os trâmites e na minha vez deu pau no computador. Pedi que fossem na frente que eu os alcanÇaria (lógico...rs). Depois de meia hora, exatamente às 8h52 comecei acelerar pelo Paso Agua Negra. Depois da Aduana, cerca de 40km, tem um posto de controle da Gerdameria, a polícia de fronteira argentina. Depois do posto de controle comeÇa a brincadeira. Rípio: prazer em conhecê-lo. No comeÇo é estranho, a moto samba mais que mulata na Sapucaí. Mas as poucos fui me acostumando e alguns km depois virou diversao. Estava no meu Dakar particular. No Agua Negra só existem 2 opÇoes. Ou você fica tenso, se borra de medo e chega no final da travessia morto de cansaÇo, ou desencana, acelera e se diverte. Fiquei com a segunda opÇao. Depois de um tempo, você se acostuma com a moto saindo de frente, de lado, de traseira. E vale aquela velha máxima: na dúvida, acelera!

Passei pelos 2 malucos batido, tentei andar junto, mas eles estavam andando a 30km a 2.500, imaginem quando a altitude passasse dos 4.000m. Fui em frente.

Alucinante, esta talvez seja a palavra que possa descrever o que é o Paso Agua Negra. Vale a pena correr o risco e passar por lá. As fotos podem dizer um pouco do que é andar neste lugar (postarei as fotos assim que conseguir internet rápida).

As formaÇoes de gelo ao lado da pista, junto com as enormes montanhas e a estreira pista de rípio tornam o lugar uma coisa única.

Quando estava a exatos 4.662 m de altitude, encontrei um casal de alemaes. DE BICICLETA!

Parei para conversar com eles um pouco (sim, só um pouco pq meu inglês também é pouco). Imagina pedalar naquela altitude. Ah, estava 4 graus. A coriza do nariz deles congelou e formou uma gota pendurada embaixo do nariz. É sempre assim, quando vc se acha o aventureiro, sempre encontra quem seja mais maluco. Despedidas, desejos de uma boa viagem e fui em frente.

Dizem que subir é difícil e que para descer todo santo ajuda né? Ñ no Agua Negra. A descida é feita por ladeiras íngrimes com rípio fofo nas curvas e solto nas retas. Uma delícia...rs

Em vários momentos você tem que engatar 1ª marcha, colocar os pés no chao e sair acelerando para ñ tombar. Fui indo, indo e quando dei por conta já tinha descido as tais ladeiras e estava acelerando a 110 km no rípio! Nas retas, dá para fazer isto. A moto fica mais "na mao" em velocidades altas em piso como o rípio. Claro que só acelerava quando as retas eram boas.

De repente surge uma laguna verde esmeralda. Que coisa! Fotos e mais fotos. É de arrepiar. Fui contornando a laguna e vejo uma espécie de praia, com um micro-ônibus estacionado e algumas pessoas admirando a laguna. Fui para lá também. Só que a "praia" da laguna é de um rípio com pedras grandes e com areia por baixo. Entrei muito devagar e a moto virou um touro bravo. Como ñ sou peao de boiadeiro, fui ejetado da moto. Sim, Rogerio para um lado, moto para outro. Nada de grave com a moto e nem comigo, estava devagar. Levantei os quase 300 kg da moto + bagagem (ñ que eu seja tao forte assim, é que existe técnica para se levantar motos...rs) e fiquei admirando a paisagem por uns minutos. Ah sim, o pessoal do micro-ônibus ñ consegui me ajudar a levantar a moto. Era uma excursao da 3ª idade.

Depois foram mais km e km de paisagem de arrepiar até a aduana Chilena. Trâmites rápido, tudo tranquilo. Ali acabou o rípio. Sinceramente? Queria mais! Depois foi rodar pelo asfalto perfeito das estradas do Chile até chegar onde estou agora, em La Serena. Cidade litorânea. Pena que ñ está sol para ver o pôr-do-sol no pacífico para coroar o dia de hoje.

Sabe aqueles dias que nunca sairao da memória? Hoje é um destes dias para mim.

Foram 140 km de adrenalina, medo, alegria, ansiedade e agradecimentos a Deus por estar ali, pilotando minha moto entre as montanhas dos Andes.

Para os amigos que querem saber sobre o desempenho da moto. Está fazendo média de 18,5 km/l, inclusive fez isto no Agua Negra. Na altitude se comportou melhor do que eu esperava. Só dá para perceber que está na altitude quando você pára . Para sair é preciso acelerar um pouco mais do que de costume, mas depois é a mesma coisa. Realmente a Tiger é feita para encarar qualquer encrenca. Surpreendeu-me o desempenho dela no rípio. Os pneus Maxxis Presa Detour também deram conta do recado, até melhor do que os Metzeler Tourance que tinha antes.

Fiz uma limpeza da corrente agora a pouco.

Amanha sigo rumo a Copiapó, aquela cidade onde os 33 mineiros ficaram soterrados. Depois é a vez de encarar o Paso San Francisco. Que venha mais rípio e altitude.

Obrigado mais uma vez a todos que têm acompanhado a viagem, aos que deixam recados e a minha querida família que sempre me apoia e me dá forÇa.

AbraÇos cheio de poeira do Agua Negra.
R.Mirarchi

p.s.:desculpe erros de acentuaÇao ou prtuguês. Estou digitando rápido, porque o tempo é curto e ñ estou revisando os textos. 

 Saindo cedinho para o Agua Negra

Chegando perto dos Andes

Abastecendo em Las Flores 

Falta pouco

Animador ñ?

Vai comecar a diversao

Solidao

Os dois argentinos malucos

Formaçoes de gelo chamadas Los Penitentes

Ruta de ripio

É ou ñ é demais?!

Esta é para o porta retrato da sala

Que céu!

Casal de alemaes cruzando o Agua Negra de bike

Dá a impressao que vai cair tudo na pista

É por isto que todo o esforço vale a pena

As manchas brancas no chao é água congelada. Todo cuidado é pouco

Friozinho

Arriba!

Filha, esta é para você!

Para o pessoal do Tiger Club Brasil

Parque de diversoes para uma Big Trail

Obra de arte natural

Mais uma de porta retrato

Sempre quis colocar as maos nestas águas geladas

As curvas sao to fechadas que é preciso buzinar para avisar que está chegando

Depois de ter virado um touro bravo, ficou admirando a laguna

Aduana Chilena

Depois da aduana, o asfalto. Foi só colocar o MP3 e curtir um som lembrando do que acabou de ficar para trás

Parrerais protegidos do vento e das tempestades de areia

Chegada em La Serena

Tirando o rípio da corrente

Lembranças do Agua Negra na calça e nas botas

Depois do Hotel das cucarachas, dei-me de presente um hotel decente

Dia 7 - Chegando perto do Paso San Francisco
Total rodado no dia: 330 km
Total acumulado: a atualizar
Tempo em movimento: a atualizar
Tempo parado: a atualizar

Acabei perdendo as contas de quanto já rodei, mas acho que deve estar por volta de 3500 ou 4000 km. Depois vejo direitinho.

Como a distância de La Serena a Copiapó é pequena, levantei com mais calma hoje, arrumei as bagangens que acabam ficando meio bagunçadas ao longo da viagem, tomei o café da manha e segui para Copiapó.

Viagem tranquila, a única coisa a comentar é que, sem querer, passei batido em um pedágio pago. Achei que moto ñ pagava pois na placa de preços ñ vi nada dizendo sobre moto. Fui pelo lado das cabines, mas quando fui passando um cara saiu da cabine gritando e soou um alarme. Mas já era tarde.....rs

Cheguei em Copiapó por volta das 14h e logo achei um hotel perto da praça principal. Já dei uma volta a pé pela cidade e me pareceu bem bacana. Nesta regiao ñ chove a um bom tempo, prova disto é a poeira que fica no ar. Céu azul, azul. Temperatura agradável.

Fui a uma espécie de pub/restaurante e comi o que vi pela frente. Estava muerto de hambre! Pedi o famoso Churrasco a Lo Pobre.

Ontem esqueci de comentar que, na travessia do Paso Agua Negra, quando se passa pela Aduana Argentina, os policiais avisam a Aduana Chilena. Eles estimam a travessia em cerca de 5 horas (fiz em 4h30). Antes do fechamento das Fronteiras (funcionamento: 7h às 17h) eles verificam os registros e caso alguém ñ tenha chegado, mandam uma viatura percorrer o Paso para ver se ocorreu algum problema. Fico pensando em quanto tempo aquele casal de alemaes demorou para fazer a travessia toda. Se bobear, chegaram antes dos 2 argentinos malucos...rs

Estou na "porta de entrada" do Paso San Francisco. Amanha cedinho acelero para fazer mais uma travessia daquelas. Perguntei para alguns policiais se o San Francisco é mais tranquilo que o Agua Negra. Alguns disseram que é mais fácil, outros disseram que é igual e somente um disse que é mais difícil. Amanha tiro a prova.

Por hoje é isto. Amanha é dia novamente de aventura.

O blog está perto dos 2000 acessos! Obrigado a todos por viajar virtualmente comigo no Projeto Pasos 2012.

Abraços!
Mirarchi

Copiapó, cidade encravada nas montanhas

Hotel em Copiapó

Tá precisando de um banho

Praça de Copiapó

Churrasco a Lo Pobre

Copiapo já fica na regiao do Atacama. O deserto fica mais para o norte.

Una cerveza

Dos cervezas

Tres cervezas

Dia 8 - Grave acidente coloca fim a expedição

Pessoal, graças a Deus sobrevivi ao grave acidente ocorrido comigo já em terras Argentinas, depois de ter passado pela fronteira do Paso San Francisco no Chile. 

Sofri bastantes escoriações, vários machucados, ralados, mas, graças ao senhor, fui tudo mais superficial do que o ocorrido. 

Cheguei em casa no Brasil ontem à noite e agora estou me recuperando das dores, contusões e ralados do acidente. 

Depois colocarei detalhes deste terrível episódio. 

Abraços a todos os amigos que ajudaram de longe e a todos  os demais que se preocuparam com este motociclista aventureiro aqui. 

R.Mirarchi.